Campus de Tiradentes promove eventos sobre os 200 anos da Independência

Fotografias de Edgar Kanaikõ, da etnia Xacriabá, estarão na exposição coletiva 'Ainda que tardia...'
Fotografias de Edgar Kanaikõ, da etnia Xacriabá, estarão na exposição coletiva 'Ainda que tardia...'. Foto: Edgar Kanaikõ.

O Campus Cultural UFMG em Tiradentes e a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade são parceiros em mais uma edição do Festival Artes Vertentes – Festival internacional de artes de Tiradentes, que chega a sua 11ª edição. O evento começa nesta semana, com duas atividades realizadas em conjunto. Na quinta, 17, será aberta a exposição Ainda que tardia: Brasil futuros, que permanecerá até 17 de fevereiro, no Museu Casa Padre Toledo (Rua Padre Toledo, 158). Na sexta, 18, terá início o seminário Da Inconfidência à Independência: quais independências comemorar, quais independências sonhar?, no Quatro Cantos Espaço Cultural (Rua Direita, 5).

Sob o mote curatorial (In)dependências, as atividades estimularão o público a refletir sobre as diversas noções de independência que ecoam no Brasil, passados 200 anos do “grito do Ipiranga”, em 7 de setembro de 1822. Na exposição coletiva Ainda que tardia: Brasil futuros, que será realizada na antiga residência do inconfidente Padre Toledo, os professores da UFMG Verona Segantini, Guilherme Trielli e Fernanda Brito e o curador e diretor artístico do Festival Artes Vertentes, Luiz Gustavo Carvalho, promoverão diálogo entre obras que pertencem à coleção permanente do Museu Casa Padre Toledo e à Coleção Brasiliana da UFMG, além de obras de artistas contemporâneos brasileiros como Arthur Bispo do Rosário, Edgar Xakriabá, Ricardo Aleixo, Mabe Bethônico, Massuelen, Josi e Ivan Grilo.

A participação no seminário é gratuita para todos os públicos. No caso do Museu, será gratuita para participantes do festival entre os dias 17 e 27 de novembro e também para estudantes e professores do sistema de ensino público (básico, fundamental, médio e superior) e para residentes em Tiradentes, São João del-Rei e Santa Cruz de Minas. Demais públicos pagarão R$10 e R$5 (meia entrada).

Veja a programação completa. Mais informações podem ser solicitadas pelo telefone (31) 98378-0157.

Em 2022, quando tanto se fala sobre Independência, é “oportuno retomar as tentativas de liberdade, comemorá-las e assumir sua qualidade de algo que é ou está incompleto e fazer uma pergunta: quais independências comemorar e quais independências sonhar?”, comentam os coordenadores. Artistas foram convidados para a criação de obras, oficinas e performances que proponham alguma reação às obras históricas que compõem a mostra.

Ciclo de ideias
O seminário Da Inconfidência à Independência… reunirá 40 artistas, pesquisadores e professores de todo o país em mesas-redondas, palestras e conversas que vão pôr em cena outras versões da história – dissidentes, contraculturais, decoloniais, sobretudo por meio de vozes historicamente silenciadas em nossa sociedade.

18 de novembro, às 16h
Cristino Wapichana, Ricardo Siri e Eliane Brum estarão na mesa-redonda intitulada Terras indígenas, guerras de invasão. Com mediação de Lorena Anastácio, eles vão abordar questões históricas e políticas relacionadas à causa indígena, os direitos constitucionais, de reconhecimento e defesa dos territórios e as condições para a permanência da vida no planeta.

Dia 19, às 15h
O professor da Universidade de Santa Catarina José Antônio Kelly Luciani ministrará a palestra Sobre a antimestiçagem, em que vai explorar contraste, diferenças e complementaridades entre as ideias de mistura e transformação socioculturais implicadas na teoria e ideologia nacional (de vários países latino-americanos) da mestiçagem e as formas de mistura e transformação descritas para alguns povos indígenas.

Dia 20, às 15h
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida fará a palestra Pode o subalterno falar?, tomando de empréstimo o título do famoso ensaio da crítica literária e feminista indiana Gayatri Chakravorty Spivak. Sandra vai compartilhar reflexões sobre essa obra seminal dos estudos pós-coloniais e sua relação com o contexto brasileiro contemporâneo.

Dia 23, às 10h
José Luiz de Oliveira, Manuel Jauará (ambos da UFSJ), mestre Prego (Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia) e Padre Mauro participarão da mesa-redonda Quilombo: território e resistência. Os territórios quilombolas, tal como os territórios indígenas, enfrentam diariamente os avanços predatórios do capital, que imprimem em nossa história e na história mundial contínuas ondas de violência e destruição. Aliado ao capital, o Estado expropria e produz a extinção de etnias e grupos sociais (indígenas, ribeirinhos, quilombolas) que, ao longo do tempo, despontam com suas formas alternativas de vida, cultura e organização social. A mesa vai oferecer oportunidade de pensar sobre as lutas e a resistência de quilombolas por suas formas de expressão cultural, territórios e vida.

Dia 23, às 15h30
Os escritores Mia Couto (Moçambique), Tal Nitzán (Israel) e Tierno Monénembo (Guiné) vão integrar a mesa Independência em outras terras.

Dia 25, às 10h
A mesa intitulada Autonomia por meio da arte terá participação de Rogério de Almeida (Prefeitura de Tiradentes), Maria Raquel Fernandes (Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro), Isis Bey e Ísis Alcântara (Ação Cultural Artes Vertentes). A partir da Ação Cultural Artes Vertentes, realizada pelo Festival Artes Vertentes em Tiradentes, e das atividades realizadas pelo Campus Cultural UFMG, esta mesa propõe debate sobre autonomia e formação de cidadãos críticos por meio da arte.

Dia 25, às 15h30
A mesa-redonda Democracia, populismos e polarização porá lado a lado Anthony Pereira (King’s College, Londres) e Oswaldo Amaral (Unicamp). Segundo o Democracy Matrix, projeto de pesquisa sediado na Universidade de Würzburg, na Alemanha, o número de “democracias robustas” no mundo diminuiu desde 2017. Uma das supostas causas da decadência democrática é o “populismo”. O número de governos populistas no mundo quase dobrou nos últimos 15 anos, e a qualidade democrática se deteriora sob esses governos. É improvável que o populismo desapareça. A questão agora é: o momento populista se transformará em uma era populista e porá em xeque a própria sobrevivência da democracia liberal?

Dia 26, às 10h
Mesa Natureza, educação, ciência e Estado, com participação de Bárbara Freitag (UnB), Thais Nívia de Lima Fonseca (UFMG) e Mary del Priore.

Dia 26, às 15h
João Guilherme Ripper (Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro) e Chico Pelúcio (Galpão Cine Horto) vão conversar na mesa Independência e sustentabilidade das atividades culturais.

Dia 26, às 18h30
João Cezar de Castro Rocha (UERJ) ministrará a palestra Meninos, eu não vi! O indígena na literatura brasileira, em que literatura e artes plásticas estarão em diálogo para compor uma peça em dois movimentos. No primeiro instante, a presença indígena é nenhuma ou apenas rarefeita – e sempre enunciada pela perspectiva do outro. No segundo momento, as expressões indígenas se afirmam a partir de sua própria voz.

Dia 27 às 10h
Duda Salabert, Ricardo Domeneck e Luciana Walther (UFSJ) estarão da mesa-redonda Mesmo o silêncio gera mal-entendidos.

Dia 27, às 16h30
Kássia Borges Karajá (UFU), Marcela Telles de Lima (UFMG) e Telma Borges vão conversar sobre a mulher e as independências na mesa-redonda Segundo sexo, feminismos plurais: resistências e lutas. O objetivo é tratar da condição da mulher na vida contemporânea brasileira, considerando também, em perspectiva histórica, os silenciamentos e as inúmeras formas de violência que a sociedade patriarcal brasileira impõe às mulheres, sobretudo às indígenas e às pretas e pardas. A mesa também oferecerá um panorama sobre as lutas cotidianas de feminismos plurais, sua resistência e sua memória, a um só tempo marcadas pela potência de imaginar utopias possíveis para um mundo por vir e pela precisão de suas estratégias de atuação política e criação estética.

O campus da cultura

Criado em 2011, por termo de cooperação entre a UFMG e a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA), o Campus Cultural UFMG em Tiradentes desenvolve ações culturais em três espaços localizados no centro histórico da cidade. A FRMFA, vinculada à Universidade desde 1997 e credenciada, neste ano, pelo governo federal para atuar como fundação de apoio da UFMG, oferece suporte à gestão de projetos de diferentes unidades e iniciativas da Universidade.

Integram o campus o Centro de Estudos e Biblioteca, que reúne acervo bibliográfico adquirido pela UFMG e pela FRMFA, o Quatro Cantos Espaço Cultural, destinado à realização de exposições e outras atividades artísticas e culturais, e o Museu Casa Padre Toledo, espaço de reflexão, de construção da memória e de valorização do patrimônio da Inconfidência Mineira.

(Por Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Cultura – UFMG.BR)

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